No Rio, família reúne provas para tirar da cadeia homem preso por engano
Ao investigar um assalto no consulado da Venezuela, registrado por câmeras, polícia confundiu Antônio Carlos com um dos assaltantes.
No Rio de Janeiro, uma família ficou uma semana reunindo provas para tirar da cadeia um cidadão trabalhador preso por engano.
Uma família presa a uma injustiça:
“Ele está preso desde sexta-feira, ficou sem tomar banho por três dias. Está sendo acusado por uma coisa que ele não cometeu”, disse a prima Estefani Ribeiro.
Antônio Carlos foi parar atrás das grades por causa de uma investigação que parecia rápida e eficiente. Não foi nem uma coisa nem outra.
A polícia investigou um assalto no Consulado da Venezuela, registrado por câmeras de segurança, e confundiu Antônio Carlos com um dos assaltantes. Os polícias compararam a imagem do ladrão com uma foto de Antônio Carlos nas redes sociais e não tiveram dúvida: Antônio Carlos, que é motorista de Uber, foi preso em casa.
A polícia afirma num relatório o que levou os investigadores a terem certeza de que os dois eram a mesma pessoa: que os dois tinham “semelhança na cor da pele, no formato do nariz e no formato da cabeça”. O documento diz também que “ambos são carecas, têm orelhas grandes, pontudas e voltadas para fora”.
“Foi um erro grotesco, qualquer olhar leigo vai reconhecer a diferença física entre os dois”, afirmou o irmão Leonardo Ribeiro.
O engano só começou a ser desfeito porque a família se revoltou e fez a própria investigação. Os parentes de Antônio Carlos conseguiram as imagens do assalto, no dia 6 de junho, e identificaram o verdadeiro criminoso.
“A gente conseguiu nome completo, endereço, identidade, CPF. A gente conseguiu tudo e a gente deu de mão beijada para a polícia”, disse Leonardo.
Numa outra delegacia, descobriram que o verdadeiro ladrão já estava até preso desde o dia 29 de junho, e por outro assalto. A família conseguiu também as imagens que registaram a prisão dele.
A consulesa da Venezuela – que tinha reconhecido Antônio Carlos como um dos assaltantes – soube da luta dos parentes e pediu para ir ao presídio na quinta-feira (19). Admitiu que tinha errado e reconheceu o verdadeiro assaltante.
Antônio Carlos está há uma semana no presidido de Benfica, na Zona Norte do Rio. A luta para desfazer o erro da polícia terminou na quinta-feira, quando houve o reconhecimento do verdadeiro ladrão. Mas Antônio Carlos continuou preso à burocracia: faltava chegar o alvará de soltura.
O juiz determinou a soltura dele no fim da tarde. No despacho, a Justiça admite o erro.
A família não vai arredar pé porque, quando se trata da liberdade de alguém, não dá para simplesmente dizer que as aparências enganam.
A expectativa é que Antônio Carlos seja solto a qualquer momento. Mesmo depois de reconhecer o erro e mandar soltá-lo, a Justiça entendeu que ele ainda deve responder ao processo em liberdade. A delegada Valéria Aragão, responsável pela prisão dele, não quis comentar o caso.
Fonte:G1